Lionel Messi é inegavelmente o melhor jogador do mundo. Dono de quatro Bolas de Ouro, o craque argentino é também o grande mistério que antecede o jogaço entre Barcelona e Paris Saint-Germain, na próxima quarta-feira, pela volta das quartas de final da Liga dos Campeões. Se entrará em campo ou não por conta de uma lesão muscular na perna direita, poucos no momento devem saber. E, provavelmente, vivem um dilema estabelecido pelos próprios números do camisa 10 na temporada 2012/2013: 60% dos gols marcados pelo time tiveram a sua participação direta. Há mesmo uma "Messidependência"?
- A "Messidependência" não existe, como tampouco existia a "Peledependência": porque são jogadores muito acima da média. Esse é o motivo de abocanhar a grande maioria dos gols de seu time. O Messi joga num timaço ao lado de Xavi o Iniesta, que são os dos maiores meias do mundo, e continua fazendo diferença. Pelé jogava com grandíssimos atletas no Santos e na Seleção e sempre sobressaía - opinou Joaquim Piera, correspondente do diário catalão "Sport" no Brasil.
Aproveitamento é melhor sem Messi
As estatísticas realmente se confundem. Nos 45 jogos em que esteve em campo com a camisa azul-grená, Messi marcou 57 gols e distribuiu 15 assistências, contabilizando 72 dos 121 gols anotados pelo Barça nas mesmas condições. O atacante acumulou ainda 32 vitórias, sete empates e seis derrotas, com aproveitamento de 76%. Um desempenho, sem dúvidas, decisivo. Mas como será que os comandados de Tito Vilanova se saem sem a presença de sua referência?
recuperar até quarta (Foto: Reprodução / Facebook)
A resposta também é positiva. Desde 2010, Messi se ausentou por apenas 15 partidas oficiais, a imensa maioria delas para ser poupado contra adversários de menor expressão - o que pode ajudar a explicar o retrospecto tão favorável. Foram 14 vitórias e apenas um empate, com 47 gols pró e cinco contra, além de 95% de aproveitamento - 100% em 2012/13. No último sábado, pelo Campeonato Espanhol, Cesc Fábregas o substituiu com louvor e anotou um hat-trick nos 5 a 0 sobre o Mallorca. O meia ganhou pontos e deve ser o titular caso "La Pulga" não tenha condições.
- Um time que perde o Messi e tem o Fàbregas como opção é brincadeira (risos). Messi é do tipo que resolve o jogo sozinho, pega a bola e dribla três, faz gol de placa, direita, esquerda, cabeça, de fora da área... Em resumo, é completo. É quem eu quero ter no meu time. O Fàbregas é um baita jogador, mas de outra característica, focado mais no passe. É um nome para uma equipe montada, enquanto o Messi num time mais ou menos já resolve os seus problemas - disse Caio Ribeiro, comentarista da TV Globo.
Jogar ou ser poupado?
O debate se estende quando o assunto é especificamente a Liga dos Campeões. Com o Campeonato Espanhol praticamente decidido e já eliminado da Copa do Rei, o Barcelona tem no maior torneio do continente suas esperanças depositadas para provar que também pode marcar época sem o técnico Pep Guardiola à frente do banco de reservas.
Em tese, mesmo se Messi não jogar, o Barça é apontado como favorito pelo empate por 2 a 2 conquistado na ida, na última semana, em Paris. Não à toa começará o duelo já classificado às semifinais que, por sinal, serão disputadas em 15 dias. Agravar a lesão muscular não é uma hipótese descartada e perder possíveis confrontos diante de outros gigantes europeus seria uma opção considerável.
- Mesmo caso o Messi não jogue, por ser no Camp Nou e com dois gols fora, o Barcelona continua sendo o favorito. A não ser que não tenha sido nada muito forte, uma lesão muscular é sempre algo complicado e impede o jogador de realizar movimentos básicos como o arranque e a desaceleração. O próprio Messi, no fundo, não estará 100%. E se ficar fora da semifinal? Pode ter um Real Madrid pelo caminho... - sugeriu Caio Ribeiro.
Joaquim Piera também acredita que o Barcelona pode pagar a conta mais tarde se utilizar Messi longe das condições físicas ideais. E citou o exemplo da última temporada, quando o craque caiu de rendimento na época mais importante: a reta final.
- O Barcelona tem um padrão de jogo, com ou sem Messi, em que cada um sabe perfeitamente o que tem que fazer. Há um fator determinante, Leo faz a diferença, mas quem determina o estilo de jogo são os meias (Xavi e Iniesta) e o único volante do time (Busquets). O Messi sempre quer jogar, e eu acho que deveria se poupar em jogos mais fáceis para chegar em melhores condições no mês de abril. Por exemplo, o ano passado chegou "fundido" nessa parte do campeonato e jogou abaixo do seu nível nas semifinais contra o Chelsea, e no jogo contra o Real, que acabou decidindo o Espanhol - encerrou.
Fonte:Globoesporte